Em Traciona! Engajando Ecossistemas de Inovação, Franklin Yamasake apresenta o poder transformador da inovação nas empresas.
O cenário competitivo atual exige que empresas, gestores públicos e demais agentes econômicos repensem seus modelos de negócio e abracem a inovação de forma ampla. Em seu livro Traciona! Engajando Ecossistemas de Inovação, Franklin Yamasake apresenta um guia prático, resultado de anos de pesquisa e experiências reais, para criar ambientes colaborativos e dinâmicos capazes de transformar negócios, cidades e organizações.
Ao unir fundamentos teóricos a estudos de caso – como o marcante exemplo do Grape Valley, em Jundiaí – Yamasake demonstra que a inovação é muito mais do que um diferencial: é uma necessidade estratégica para se destacar em um mercado em constante transformação. Seu trabalho ressalta a importância de identificar, conectar e mobilizar diferentes perfis, desde startups a grandes corporações, promovendo um ecossistema que gera criatividade, sinergia e soluções eficazes para os desafios contemporâneos.
Nesta entrevista, adentramos na trajetória inspiradora do autor e em seu olhar aguçado sobre o futuro dos negócios. Franklin Yamasake nos convida a repensar a cultura corporativa e a encarar a inovação como o motor que impulsiona o crescimento sustentável e competitivo, um verdadeiro convite para transformar ideias em resultados concretos e duradouros.
GZM: Você menciona que sua jornada para escrever o livro incluiu um doutorado e visitas a diversos ecossistemas inovadores. Qual foi a principal descoberta que moldou o conceito central de “Traciona!”?
Yamasake: Sim, o doutorado envolveu pesquisa em mais de 150 artigos científicos, para reunir as principais recomendações para desenvolver ecossistemas de inovação e também incluiu a pesquisa com mais de 100 respondentes em Jundiaí. Nessa jornada, a principal descoberta que moldou o conceito central de Traciona foi que todos que querem liderar a inovação, seja no setor público ou privado, tem um desafio em comum, é necessário engajar outras pessoas. Inovar implica em um risco adicional, implica em sair da zona de conforto, sair da inércia, então quem quer inovar precisa pensar em como engajar os stakeholders ao seu redor: empreendedores, líderes, gestores públicos, investidores, ou seja, todos que precisam estar motivados intrinsecamente com a sua empreitada.
GZM: O livro combina teoria e estudos de caso. Quais ferramentas ou metodologias apresentadas nele você acredita que podem transformar imediatamente um ambiente de negócios ou cidade em um polo de inovação?
Yamasake: Recorri a uma teoria motivacional que pela primeira vez foi aplicada no contexto de um ecossistema de inovação. Usando os pilares dessa teoria e baseando nas recomendações e estratégias reunidas de toda literatura, é possível identificar o que falta em um hub de inovação ou em uma cidade e aplicar para corrigir o rumo. Além disso, compartilhei os fatores motivacionais que as pessoas apresentaram para continuar engajadas nas atividades do ecossistema de inovação. Isso pode servir de inspiração para transformar um ambiente de negócios.
GZM: Como o estudo de caso do Grape Valley, em Jundiaí, exemplifica os desafios e oportunidades na construção de ecossistemas inovadores? Houve alguma surpresa durante essa pesquisa?
Yamasake: A Teoria Motivacional que baseou o estudo prevê 3 pilares essenciais que cada ser humano precisa satisfazer para se engajar em qualquer atividade. E, no contexto de Ecossistemas de Inovação, houve uma surpresa, pois apareceu um quarto pilar necessário para motivar e engajar as pessoas. A relação entre qual dos pilares é mais importante e deve ter mais prioridade também precisa ser analisada caso a caso. No Grape Valley, identifiquei que os participantes manifestando sua motivação em relação à o que elas esperam do orquestrador do ecossistema e como deveria ser o papel do setor público. Apresentei exemplos dos desafios que cada perfil enfrenta e como devem ser superados para iniciar um ecossistema emergente.
GZM: No livro, você aborda a participação de startups, governos e grandes empresas na construção de ecossistemas. Qual estratégia você considera mais eficaz para engajar diferentes perfis e promover colaboração sustentável?
Yamasake: Uma das recomendações mencionada no livro para engajar diferentes perfis de forma eficaz é considerar a participação de um stakeholder externo, como um consultor, que venha de fora do ecossistema, para criar o gatilho inicial que reúne todos os perfis, evitando o chamado “egossistema”, ou seja, um protagonismo exagerado de um dos stakeholders que pode inviabilizar a construção do ecossistema desde o início. Essa estratégia se mostrou eficaz em Sorocaba, onde criamos o Tropeiro Valley, e também no Circuito Energy Day, onde promovemos a conexão de diferentes perfis (corporações, startups, investidores, institutos de pesquisa, academia) para a indústria de energia. Assim como essa, o livro apresenta diversas outras alternativas para engajar os diferentes stakeholders.
GZM: Após o lançamento de “Traciona!”, quais mudanças ou impactos você espera ver no cenário de inovação brasileiro? Há planos para expandir esse conceito em novos projetos ou publicações?
Yamasake: O conteúdo do livro já está sendo disseminado em diferentes ecossistemas no Brasil. O primeiro impacto que espero ver é conectar essas pessoas interessadas em desenvolver ecossistemas e aprofundar as discussões. O livro apresenta um canal para manter o dialogo vivo e em constante expansão. Isso tem o potencial de ampliar o conhecimento, o networking e a geração de negócios entre os que participarem dessa rede. Novos conhecimentos e iniciativas geradas nessas discussões serão divulgados em diferentes formatos na minha rede social, nas palestras e em futuros projetos.
Fonte: Gazeta Mercantil